Mundo Financeiro

Economia Brasileira e a Taxa SELIC: onde investir com os Juros Baixos?

Com taxa SELIC mais baixa do que nunca, onde devo investir? O que isso representa para a Economia brasileira?

Descubra as principais perguntas e respostas que você precisa saber sobre a Economia Brasileira.

Muita coisa tem acontecido no Brasil em relação às taxas de juros e aos investimentos. A economia brasileira está mudando, e tende a mudar cada vez mais. Portanto, é importante entender como esse novo cenário econômico transformará a forma como investimos.

Hoje, ao analisarmos as taxas de títulos públicos negociados vemos que temos uma taxa nominal, para investimentos de 4 anos, na casa de 6,37%. E, se analisarmos a taxa de juros real, que é o ganho acima da inflação, teremos algo em torno de 2,22%.

Essa situação inusitada em que a economia brasileira se encontra gera dois questionamentos principais que trabalharemos no decorrer deste artigo. Primeiramente, discutiremos se essas taxas baixas vieram para ficar; e, se sim, quais são nossas alternativas para driblá-las e continuar tendo boa rentabilidade.

Para nos ajudar nessa jornada, ninguém melhor do que o Professor Antônio Lanzana, um dos maiores nomes da economia brasileira, além de ser um dos nossos mestres aqui do Mundo Financeiro. 

O CEO do Mundo Financeiro, Felipe Garrán, elaborou 8 perguntas para o professor sobre o tema e, a partir dessa discussão, você saberá tudo e mais um pouco sobre o que fazer com os juros baixos. 

Este artigo faz parte de uma Live conduzida pelos professores! Se você quiser assistir à Live, é só clicar aqui: Live: A taxa SELIC caiu! E agora? Onde investir?

As perguntas foram divididas em 2 artigos com 4 perguntas cada, já que essa discussão é recheada de conteúdo.

O que você vai ver neste artigo…

  • A queda na taxa SELIC e a maneira como os investidores se comportam no mercado;
  • O preço do dólar alto e como a política cambial afeta a taxa baixa de juros;
  • O crescimento do mercado acionário e imobiliário com os juros mais baixos;
  • Como a situação econômica e política brasileira se relacionam no atual momento de tensão política.

Então vamos às perguntas.

1. Na sua visão, professor, em termos de cenário, o que esperar dessas taxas de juros a médio e longo prazo?

Vamos olhar um pouquinho porque a taxa de juros caiu. Ao contrário do que ocorreu no governo Dilma, por exemplo, essa taxa de juros está caindo não por nenhuma atitude artificial. Nós estamos em um cenário importante, e a minha percepção é que vamos ter juros baixos por muito tempo.

O que está por trás, principalmente, dessa taxa de juros é que quando o governo quer controlar a economia, há 2 opções: ou controlar o gasto público ou controlar o gasto privado. O que nós observamos, anteriormente, quando a gente trabalhava com uma taxa real de 0,5% ao mês, o governo tinha uma atitude extremamente expansionista do gasto do governo. Portanto, para controlar a economia brasileira, ele tinha que controlar o setor privado, o consumo.

Entretanto, como esse gasto não parava de crescer, era preciso uma taxa de juros extremamente alta para controlar o gasto privado. Mas, o que estamos observando este ano é que o governo vem cortando os gastos. Só para lembrar, no início do ano nós tínhamos uma previsão de déficit público de 139 bilhões, e caiu para menos de 80 bilhões agora. Com isso, o controle que o governo precisa fazer sobre o consumo privado é muito menos agressivo, e portanto, isso pode ser lidado com juros muito mais baixos.

A expectativa que nós temos mostra que essa tendência de redução de gasto público vão se acentuar, e os juros vão cair cada vez mais. Isso vai implicar em mudanças de composição de carteiras nos mais variados perfis de investidor.

2. No seu curso você aborda muito a questão de que a política econômica é integrada (política fiscal, monetária e cambial). Nós temos visto uma pressão forte no câmbio. Você acha que segurar o câmbio pode colocar em risco essas taxas baixas?

Se a gente voltar um pouquinho, realmente nós tivemos no Brasil taxas de juros extremamente elevadas, principalmente o diferencial entre a taxa brasileira e a taxa americana. Isso é um atrativo monumental para investidor. No momento que esse  fluxo de capital entrava, ele derrubava mais a cotação, e além do ganho do juro aqui dentro, ele ganhava ainda com a valorização do real. Então ele tinha duplo ganho, no câmbio e no juros.

Esse processo foi mudando na medida que, por essa mudança de composição, você consegue praticar juros mais baixos. Então seria normal que a taxa de câmbio subisse. Isto é um fator, porque acho que, para olharmos a taxa de câmbio em si, existem outros fatores. Aliás, como a gente argumenta no curso, tudo é integrado. Além disso, nós temos, no momento, uma pressão adicional sobre o câmbio que vem da economia internacional. Há muita incerteza no mundo, e em períodos de incerteza os investidores tendem a ancorar seus recursos mais nos países desenvolvidos, e menos nos emergentes.

Um segundo fator que pressiona muito o câmbio no Brasil, é o que está ocorrendo com as decisões das empresas de trocar empréstimos externos por internos. Para isso, você tem que comprar o câmbio aqui e fazer a quitação lá fora. E, na hora que você vai ao mercado comprar câmbio, você bate na taxa para cima.

A posição do ministro Paulo Guedes me parece bastante sensata e correta: vamos nos acostumar com juros mais baixo e câmbio mais alto. A minha percepção é que nós vamos ter, no Brasil, taxa de câmbio mais elevada do que tivemos no passado.

Mas eu não vejo nenhum risco disso sair do controle e a taxa de câmbio explodir, porque que o banco central tem de reservas é uma coisa monumental. Até porque, o pass-through, o efeito do aumento do dólar sobre a inflação, é muito pequeno hoje no Brasil.

3. As empresas, ao fazer o câmbio aqui e quitar lá fora permite que empresas menores possam ter acesso a um mercado nacional mais viável, o que impacta positivamente a capacidade produtiva, o que é refletido na Bolsa. Você vê espaço para crescimento no preço das ações?

Novamente tem um contexto bem mais amplo. Você tem grandes empresas hoje que tinham débitos internacionais quitando por crédito aqui dentro. Mesmo as empresas que não estão lá fora, qualquer diretor financeiro bem informado hoje vai pressionar o banco para rebaixar os juros que você tinha nos endividamentos internos.

O que temos percebido é que há um interesse crescente das empresas em ir para o mercado de capitais. Então eu colocaria o mercado acionário como uma opção bastante interessante porque a expectativa que nós temos, inclusive, é que a economia brasileira vai se acelerar razoavelmente ano que vem. Aliás, se pegarmos os dados bem mais recentes, ela já está se acelerando.

Então, o mercado acionário é uma tendência de crescimento num quadro de juro real muito baixo. Há a expectativa de mercado acionário em expansão porque as empresas se reestruturaram financeiramente, e estão em condições de crescer. O país terá um crescimento de aproximadamente 2,5%, o que não vemos no Brasil a uns 5 anos.   

4. Isso pode gerar uma estabilidade política que alonga esse ciclo de crescimento, não é?

Eu acho que hoje nós temos uma situação bastante interessante. Se prestarmos atenção, veremos que a economia brasileira está dando sinais de melhora e a política está muito confusa. É uma confusão com o presidente, os filhos do presidente, pronunciamentos inoportunos, tem tudo isso daí.

O que a gente tem percebido é que houve uma dissociação: a economia melhora, o congresso assumiu uma postura de maior protagonismo, o presidente não discute determinados assuntos, então o congresso já assumiu a reforma da previdência e vai avançar, não 100%, a reforma administrativa.

Então acho que a política, aparentemente confusa, está dando espaço para um protagonismo do congresso. Dessa forma, nós vamos caminhando com as melhoras na economia brasileira. Muita coisa já foi feita em 2019. 

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Ah, Não se esqueça de ver a continuação! No próximo artigo você verá a importância da diversificação da carteira, e a alta dos mercados imobiliário e acionário. Confira clicando aqui: Será o fim da renda fixa? 

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Os Professores

Antonio Lanzana é professor e palestrante convidado da Fundação Dom Cabral (FDC). É Doutor e Mestre em Economia pela Universidade de São Paulo (USP). Além disso, é professor do Departamento de Economia da FEA-USP e da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – USP. Atua como Coordenador de Programas de MBA da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE-USP).

Prof. Lanzana foi Economista Chefe e Consultor Econômico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Consultor do SEBRAE-SP e membro do Conselho Editorial da Revista “Estudos Econômicos”, da FIPE/USP.

Também é autor dos livros  “Economia Brasileira – Fundamentos e Atualidade”, Editora Atlas e “Economia Brasileira – Da Estabilização Ao Crescimento”, Editora Atlas.

Felipe Garrán: Doutor em Finanças pela USP, CEO do Mundo Financeiro. Certificado CGA e CNPI e professor de Finanças na FIA Business School. Além disso, é coordenador dos cursos de pós-graduação e MBA na FIA Business School.

   

 

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